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Um livro de poesias para pensar sobre o país


 

Há uma frase do escritor argentino Ernesto Sábato que diz que “o conhecimento de vastos territórios da realidade está reservado para a arte”. Isso significa, de certa forma, que arte ajuda a entender o real, mas sob outra ótica, uma ordem que une o racional e elementos mais catárticos.

Ficou estranho o Brasil, livro de poesias de Marcelo Rocha, parte desse pressuposto. "Penso que a poesia pode ser mais potente que um ensaio sociológico na medida em que trabalha, também e igualmente, com um tipo de subversão formal, uma desautomatização da linguagem; uma subversão linguística que apontaria – assim desejo – para a problematização de consensos e ortodoxias", afirma o autor.

Embora o livro combine perfeitamente com os tempos em que vivemos, segundo o autor não há medo de ficar datado, pois o livro trata de relações assimétricas de poder que sempre estiveram presentes no Brasil: "No posfácio do livro, dialogo com a obra “Sobre o autoritarismo brasileiro”, da Lilia Moritz Schwarcz. A pesquisadora faz um percurso histórico a respeito de pressupostos básicos e falaciosos que interferem na imagem projetiva da identidade do Brasil. Por exemplo, a ideia de que o país seria harmônico e sem conflitos ou de que o Brasil vive em uma democracia que aceita as diferenças étnico-raciais, religiosas ou de gênero. Schwarcz vai questionando e desmontando esses argumentos a partir de um olhar social e histórico do país."

Marcelo Rocha é professor nos Cursos de Comunicação Social da Universidade Federal do Pampa e este é seu segundo livro pela Editora Metamorfose. Em 2016, publicou Enquanto Caio, finalista do Prêmio AGES Livro do Ano 2017. Em 2018, publicou Lucidez (Besourobox), livro de contos, também finalista do Prêmio Ages Livro do Ano 2019.


06/06/2020