viga

Aqui temos uma artista que sabe muito bem o que fazer com as palavras e o que esperar de suas combinações. Extrai delas o máximo, não dá trégua ao sentido nem às entrelinhas. Em vários poemas, a aparente leveza incial é parte da magia: uma semente que irá eclodir de súbito, sacudindo e arremessando o leitor ao abismo branco da página.

Viga é um livro que nasce em estado de importância. O destino da autora é figurar entre os grandes da poesia brasileira. Sua obra não dormirá no silêncio das estantes, profetizo. Nasceu para surpreender, encantar e cativar. E para seguir além do tempo, morando (como ela mesma nos diz) "no corpo infinito da língua".

Jaime Vaz Brasil

Viga é um livro que se sustenta na diversidade de suas colunas. Se de um lado tem-se a palavra concreta, como signo do objeto, de outro ele emerge do seu significado de uso e se projeta na perda da forma através da linguagem metafórica da autora. Algumas vezes, a palavra vai ao encontro do poema simples e sensível ao tato do leitor . E logo faz a curva e, de repente, um quebra-cabeças num jogo de palavras cruzadas que nos lança ao campo ambíguo da interpretação poética.

Antes de tudo, acredito que seja um livro sobre o caminho da poetisa e a visão das coisas que encontrou nele. Colhendo pedras e flores ao longo da estrada, Adriana, foi compondo seu mosaico de impressões e o registrando a partir de um processo de criação que envolve desde a escrita automática ao verso construído devagar e minuciosamente, palavra a palavra. Desta forma, é um trabalho que se revela aos poucos àqueles que tiverem o prazer desta leitura, na delicadeza da companhia das palavras.

Rafael Figueiredo

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