Parada de Ônibus

Cristiane Luz

Letícia abriu os olhos devagar. Levantou-se em passos lentos olhando o relógio. Assustada, correu para o banheiro, olhou-se no espelho e jogou água no rosto pálido. Esfregou os olhos com os dedos. A prova de química estava à sua espera. Tinha de correr. Trocou de roupa. Na cozinha, preparou um café, engolindo rápido já perto da porta.

Após trancar o apartamento, correu pelas escadas. Deixou escapar um “bom dia” para a vizinha. Ao sentir as gotas de chuva em seu rosto, xingou-se por não ter pego o guarda-chuva. Seus pés bateram com raiva no asfalto molhado. Não podia perder tempo, já estava atrasada para a aula e, consequentemente, para a prova.

Eduardo estava na parada do ônibus. O coração dela acelerou. Os olhos se encontraram. Ela sorriu dizendo bom dia. Ele respondeu da mesma forma.

O ônibus estava demorando. Os dois começaram um animado diálogo. Até que o convite para tomarem um café veio da parte dele. Ela aceitou encantada.

Aflita, olhou para o relógio. O que teria acontecido com o ônibus? Iria perder a prova.

A chuva finalmente parou. Eduardo beijou-lhe o rosto, confirmou o horário do café, despediu-se desejando um excelente sábado. Ele havia parado ali somente até a chuva acalmar.

Começou a gargalhar sozinha na parada do ônibus. Eduardo ao se despedir fez com que ela percebesse algo inusitado: sábado não tem aula.

 

voltar para página do autor