A derrocada do macho alfa

Adriana Maschmann

A derrocada do macho alfa

Adoro a expressão "empoderamento feminino". Gosto como soa forte, impetuosa, desafiadora, até. Sei lá. Dá uma sensação de pertencimento, de atitude.

Há muito, nós, mulheres, deixamos de ser o rostinho bonito a enfeitar o porta-retrato do escritório. Saímos das estantes e fomos para o mundo, vencer nossas lutas e garantir o nosso direito de ter direitos. Não aceitamos mais a condição de objetos, a menos que nos interesse fazer esse jogo em nossas fantasias de sedução.

Ao contrário de nossas avós, pilotamos carros e aviões. Esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque são coisas deixadas no passado. Superamos o status de troféu submisso e disponível, nos rebelamos e apavoramos. Sim, deixamos nossos feitores de cabelos em pé.

Assumimos o papel de caçadoras e não da caça. Desejamos uma noite de sexo sem nos remeter ao felizes para sempre. Talvez para sempre seja tempo demais. Já não ficamos ansiosas à espera de um telefonema que não virá no dia seguinte. Passamos a compreender o significado do eterno enquanto dure, conquistamos autoconfiança e dela não desistiremos.

Aos poucos, avançamos quilômetros de liberdade. Se antes éramos apenas receptáculos férteis para a procriação, hoje a ciência nos liberta. O conceito de família mudou. Nós mudamos.

Mas não desaprendemos a amar. Ah, amamos. Com intensidade feroz, com volúpia e desmedida, porque somos assim, passionais e intrigantes, ávidas pela satisfação de nossos desejos mais insuspeitos. Apenas não nos peçam o impossível.

Adriana Maschmann


 

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