Rinha

Geni Oliveira

Rinha

Geni Oliveira

Lauren saltitava pela rua ensolarada ao lado do pai. Segurando o pacote com roupas e sapatos novos, não parava de falar. Não via a hora de chegar em casa. O pai parou em frente a um prédio velho com as janelas fechadas. Entraram por uma porta meio apodrecida e desceram os degraus.
No porão mal iluminado, alguns homens gritavam em volta de dois galos brigando. O coração aos pulos, suando frio, ela apertou a mão do pai. Não queria olhar para os galos meio depenados, mas os olhos não lhe obedeciam. Sentiu o nariz arder com o cheiro de fumaça, suor, sangue e penas molhadas. Os homens abriam as carteiras, o pai fez o mesmo. E os galos continuavam se bicando. Ela não viu nenhuma criança, apenas uma mulher, vendendo cerveja, sorriu para ela. Na parede, um grande quadro-negro com nomes e números.
De repente, Lauren ouviu um grito e todos ficaram quietos. Um dos galos caiu e o outro continuou atacando. O Imperador venceu de novo! alguém gritou.
De cabeça baixa, o pai de Lauren saiu com ela do rinhadeiro. Na calçada, ela respirou fundo e vomitou.

 

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