Munique, a capital da Baviera

Marta Leiria

CAPÍTULO 2

Escolhido o destino ponto a ponto, restava definir o “miolo” e o modo de locomoção entre as cidades. “Booking” é meu site preferido para pesquisa de hotéis. Permite a eleição de inúmeros critérios à livre escolha do freguês: localização, número de estrelas, tamanho do quarto (até da cama), infraestrutura, comodidades. Para fechar, meu favorito tem sido o “Hoteis.com”. Possibilita o pagamento parcelado em até 12 vezes fixas em reais, sem juros, no cartão de crédito - gerando milhas aéreas, é claro. Em tempos de alta do euro e do dólar, providencial evitar surpresas cambiais.

A escolha do excêntrico e descolado “25 hours Hotel The Royal Bavarian” de Munique, com direito a poltrona e música animada no elevador, além de carruagem fazendo as vezes de sofá no lobby, revelou-se uma gratíssima surpresa. Além da excelente localização, a uma quadra da estação central de trem, o bar e o restaurante NENI valem especial menção. Sempre lotados e abertos ao público externo, têm um clima tão animado e repleto de gentes de todos os estilos e cores, que dão a impressão de que todas as noites são de festa. O restaurante, com pratos de bom preço, é especializado em cozinha que mistura raízes de Israel, Romênia, Espanha e Marrocos. Espetáculo de cores e sabores! Para acompanhar, as irresistíveis cervejas muniquenses, que custam em quase todos os lugares o mesmo preço da água mineral, facilitando a escolha da bebida. A inusitada decoração do lobby, do bar e do restaurante mereceram inúmeros registros fotográficos.

No dia da chegada, outra surpresa digna de nota: passeio pela Marienplatz com flocos de neve caindo sobre nossas cabeças devidamente encapuzadas. É nessa praça central da vibrante metrópole do sul da Alemanha que se localiza a Prefeitura (Rathaus), belíssimo prédio em estilo neogótico. No período medieval, Marienplatz abrigava o mercado de sal e milho de Munique. As origens da capital da Baviera remontam à construção de uma abadia por monges (Mönche), termo que deu origem ao nome da cidade (München). Nos idos de 1175, Munique recebeu oficialmente a condição de cidade. Durante a Reforma, a cidade exerceu o papel de bastião do catolicismo. Suas belas igrejas, a antiga prefeitura e a Residenz, antiga residência dos reis da Baviera, são dessa época.

Para desbravar cidades europeias e outros destinos, há quem eleja metrô, bonde, ônibus. Eu e o Marco adoramos desbravá-las a pé, o que nos parece a única forma de conhecer realmente a cidade. Quando possível, vale fazer uso do “Hop-on Hop-off”. É um meio de transporte composto por ônibus, incluindo barco, dependendo do destino, com áudio-guia em português, ou ao menos em espanhol ou inglês. Faz paradas nos principais pontos turísticos. E se pode subir e descer quantas vezes quiser (passes de 24 ou 48 horas). Em longa pernada, visitamos o Mundo e o Museu da BMW, passeio imperdível até para quem, como eu, não é tão aficionado por carros, motos e motores.
Outros destaques muniquenses: a Viktualienmarkt, ampla praça que funcionou como principal mercado de Munique durante os dois últimos séculos. Além das barracas de frutas e verduras trazidas diariamente das áreas de cultivo fora da cidade, o jardim de cerveja (Biergarten) propicia imperdível pausa para almoço ou lanche. Parada obrigatória na Hofbräuhaus, cervejaria mais famosa da cidade, com direito a bandinha alemã protagonizando o ambiente festivo – as mesas são grandes, para várias pessoas, e a gente vai sentando onde tem lugar. Fundada em 1589 por Guilherme V para ser a cervejaria da corte, situava-se em outro endereço e mudou-se para a Platz em 1654. Em 1830, o local obteve autorização para vender cerveja ao público. Comporta cerca de 2300 pessoas, pasmem!

Mas nem só de deliciosas atrações gastronômicas compostas de salsichas, batatas, joelho de porco e cerveja vive Munique e arrredores! Fizemos passeio de um dia ao belíssimo Castelo de Neuschwanstein. Construído entre 1869-86 para o excêntrico rei bávaro Ludovico II, está situado em magnífico cenário montanhoso, representando o típico castelo de contos de fadas que serviu de inspiração para cenários de filmes, brinquedos e ilustrações.

Imprescindível a eleição de ao menos um dos inúmeros museus dessa cidade cujos habitantes, há séculos, destacam-se pelo amor às artes. Escolhemos, no final da viagem, antes do retorno ao Brasil, a Velha Pinacoteca, uma das galerias de arte mais famosas do mundo, cujas obras começaram em 1826 e terminaram dez anos depois. Para além do magnífico acervo composto por obras de Rembrandt, como A Morte de Sêneca (1612/13), filósofo que o pintor admirava, Klimt, Van Gogh e muitos outros, meus destaques vão para O Rapto das Filhas de Leucipo (1618) e Caça ao Leão (1621), ambos de Rubens. Nesta obra, impressionam as feições de medo e desespero do homem caído ao solo, ao ser atacado pela fera. Outro quadro arrebatador: amei os cavalos em “Das Pflügen” (1890), de Giovanni Segantini. Por fim, meu preferido (voltei inúmeras vezes a me postar em frente ao quadro para contemplar bem de perto os detalhes desta obra magnífica): O sátiro e o camponês (1620/1621), de Jacob Jordaens. Próximo capítulo e destino: de trem a Berlim. Até breve!

 

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