Entre ficções e realidades

Bruna Tessuto

Já imaginou você estar no meio do espetáculo e o cenário desabar? Qualquer artista da cena já se imaginou em tal situação ou já teve pesadelos com isso.

Ontem, no espetáculo Ficções, no Theatro São Pedro, estrelado por Vera Holtz ao lado de Federico Puppi, foi isso que aconteceu. Na maior plenitude do planeta, Vera pediu um minuto ao público para que a galera da cenografia resolvesse. Enquanto isso, ficou conversando com a plateia.

Quando os cenógrafos deram o ok, ela ainda olhou para frente e perguntou ao público: "vocês preferem que eu volte um pouco ou retome exatamente de onde parou?". "Faz o que tu quiser, Vera", fiquei com vontade de responder.

Na saída, tive a chance de abraçar os dois e dizer que, para mim, mesmo o espetáculo sendo reflexivo, profundo e genial, o momento mais genial foi a caída do cenário. Não por eu ter achado engraçado ou legal, mas pela grandeza dos artistas em aceitarem com humor o imprevisível do palco. E mais: por retomarem a concentração e seguirem o espetáculo como se nada tivesse acontecido. Ou melhor: assumindo que aconteceu. E em harmonia com isso. Chorão dizia que certas coisas só os loucos sabem. Eu digo que outras só os monstros.

 

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