Uma noite com Frida

Bruna Tessuto

"Eu pinto o que me dói, o que me revolta e o que me liberta."

Conheço a Juçara há 12 anos, desde quando entramos juntas na graduação em Teatro. Era 2012 e ela já fazia a Frida nos palcos.

Os anos passaram e eu tinha visto ela pela última vez em meados da pandemia, quando eu estava gravando cenas da fantasma que interpreto no Theatro São Pedro. Ela, passando do outro lado da rua, me viu ali na frente do teatro e berrou: A FANTASMA DO SÃO PEDRO! Míope que sou, reconheci primeiro pela voz. Não existe a possibilidade de não reconhecer a voz dessa mulher.

Voz essa que conduz em potência absurda as vivências de Frida. Em contrapartida, a cena que mais me impactou foi feita sem uma única palavra. Um aborto. Ela, um pano vermelho e a força da imagem. Aquelas cenas que gritam na gente mesmo que o palco esteja no mais puro silêncio.

Ainda tem mais duas sessões dentro do Porto Verão Alegre. Mas a de hoje tinha interpretação em Libras. Impossível não comentar que a intérprete estava inserida no espetáculo. Muitas vezes, fazia parte e interagia com a atriz em cena. Quantas vezes vemos isso?

Ao final, deu tempo de dar um abraço e parabenizar por esse trabalho que existe há mais de uma década. Não tem desculpa pra eu ter assistido hoje pela primeira vez. Mas ela disse que deixa passar mesmo assim.

 

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