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“A minha essência é a poesia, sempre vou ser uma pessoa que escreve versos”
Ana Maria da Silveira Teixeira escreveu sua primeira poesia aos 12 anos e a tem como parte de si. Bacharel em Direito, trabalhou como funcionária pública a vida toda e somente na aposentadoria teve tempo de se dedicar à escrita como gostaria.
No seu livro lançamento
“Sortilégios”, Ana reúne poesias escritas em diversos momentos de sua vida e convida o leitor para um mergulho no seu mundo singular de magia e incompreensão.
Luísa Tessuto: Sortilégios é o teu primeiro livro de poemas. Qual é a diferença entre escrever romance e escrever poesia?
Ana Maria de Silveira Teixeira: São duas coisas contraditórias, porque a narrativa longa é mais prolixa, e a poesia é síntese. Então são dois estilos bem diferentes, gêneros diferentes. Eu sempre fiz poesia. Com 12 anos eu lembro que fiz a minha primeira poesia, não sei aonde foi parar, mas a partir daí eu não parei mais.
Luísa: Tu trabalhaste como advogada até se aposentar. Escrever sempre foi um hobby ou foi algo que tu encontraste agora?
Ana: Na verdade, eu sou bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, Direito, na UFPEL, mas eu fui a vida toda funcionária pública, fui funcionária da Justiça do Trabalho, então eu não podia advogar. Mas a escrita sempre me acompanhou, só que eu tive quatro filhos e trabalhava fora todo dia, então não tinha tempo para me dedicar. Quando eu me aposentei, eu comecei a fazer as narrativas longas, isso eu não fazia antes. Eu sempre fiz só poesia. Toda a minha vida sempre fiz poesia.
Luísa: Então esse livro tem poesia de anos atrás?
Ana: Tem. Tem uma, “Singrador”, acho que ela é de 78, se eu não me engano.
Luísa: O quanto é importante as tuas vivências emocionais para a criação da poesia?
Ana: Quem faz poesia é pura emoção, né? Sem as vivências, fica difícil. A pessoa que tem uma vida sempre igual é mais difícil, porque daí tu tem que intuir coisas que tu não vivenciaste. Tudo que se escreve decorre das nossas vivências. Por mais que se diga que não é autoral, muito de nós e das nossas vivências fica embutido dentro dos textos. É uma catarse, muitas vezes.
Luísa: Por que “Sortilégios”?
Ana: O nome que eu tinha escolhido era “Desvãos”. Mas já tem muitos livros com esse nome. Então eu tive que escolher outro, eu escolhi na hora com o Marcelo, e “Sortilégios” me veio na cabeça porque é assim como se fosse a magia das palavras, nesse sentido. Porque eu acho que as palavras são mágicas, às vezes elas te trazem significados que tu não imaginas. Às vezes uma palavra quer dizer uma coisa para ti, e para outra pessoa quer dizer outra coisa. Então as palavras têm vários significados, muitas vezes, e nisso reside a magia.
Luísa: Qual foi a importância do Curso Livre de Formação de Escritores da Metamorfose para a produção do livro?
Ana: Foi fundamental. Embora eu já tivesse escrito outro romance que publiquei por outra editora, aqui eu acabei tendo formação para elaborar textos mais acertadamente, sem vícios. Até nas poesias. Pude perceber que muitas vezes eu repetia palavras, então algumas poesias eu trabalhei graças ao curso da Metamorfose, que tem excelentes professores, e que para mim foi uma grande motivação. Continua sendo uma grande motivação, acho que até vou sugerir para o Marcelo que ele faça uma faculdade (risos). Porque é muito bom, a qualidade dos professores também é muito boa, a crítica que se faz aqui é muito construtiva, sobre os textos que se produz. É um ambiente que eu me sinto muito bem! E que eu recomendo para todo mundo que gosta de escrever.
Luísa: O que me chamou atenção no teu livro é que tu colocas muito o teu sentimento nas palavras, dá para sentir isso.
Ana: Poesia não é uma coisa muito palatável, nem todo mundo gosta. Mas é uma coisa minha, então eu posso escrever narrativa longa, posso participar de uma coletânea de contos futuramente, mas a minha essência é a poesia, eu sempre vou ser uma pessoa que escreve versos, independente do impacto que vá causar, se vou publicar ou não, não importa, isso é uma coisa que eu sempre vou fazer. Escrevo narrativas longas a partir de 2003 , quando me aposentei. Textos longos precisam de mais elaboração e também gosto de escrevê-los mas, na narrativa longa, há um processo de construção de uma história. Quanto à poesia... eu a sinto como pura emoção de momentos, sem pensar, sem elaborar. Algo me inspira, vem o desejo de escrever e sai algum verso.
15/05/2018